A
preocupação com as drogas é grande e precisa acontecer. Mas, normalmente, a
preocupação com o álcool fica negligenciada e em segundo plano.
Em
casa, muito provavelmente, os pais não têm maconha ou cocaína, mas certamente
têm alguma bebida alcoólica.
Normalmente,
nos preocupamos com as consequências do álcool somente quando ocorrem tragédias
de transito (e que, geralmente, acontecem com jovens), mas esquecemos das
consequências do beber frequentemente.
O
jovem bebe por três motivos:
1) Gosta do efeito que a bebida traz.
Gosta
de misturar, de experimentar. Toma um pouco em casa, depois na casa do amigo
que certamente, também, tem alguma bebida alcoólica e, depois, na balada ou em
outro lugar qualquer que ele vá. Os efeitos podem ser relaxantes ou de
extroversão e, muitas vezes, o adolescente precisa desse efeito para poder
“chegar” em alguma menina, para ficar mais sociável e a vontade no meio dos
amigos.
2) “Precisa” beber para sentir-se aceito
pelo grupo.
A
resposta que mais se ouve é: “Todo mundo bebe e eu não vou ficar de fora!”
Como
essa é uma fase de identificação e busca de identidade, o jovem precisa
identificar-se com esse grupo e, portanto, usar as mesmas coisas, a mesma
linguagem, etc.
Erroneamente,
alguns pais tendem a beber junto com o filho ou filha porque imaginam que essa
atitude poderá controlar o filho, ao mesmo tempo em que se aproximam dele.
Imaginar que, pelo fato de beber junto, você estará se tornando amigo de seu
filho é um erro. Na verdade, fazendo isso só estará dando aval para ele.
Filhos
na adolescência, não são amigos de pais. Eles podem contar muita coisa, mas não
tudo. Ele poderá beber na sua frente, mas irá beber em outros locais longe de
você, da mesma forma.
A
ideia de que o diálogo deve acontecer e é suficiente para controlar e evitar
situações pode dificultar as coisas. Primeiramente, porque os pais imaginam que
esses filhos estão tão amigos que contam tudo (o que não é verdade). Segundo,
que os filhos por acharem que os pais agora estão “amigos”, eles tem o direito
não só de serem ouvidos, mas de serem atendidos em tudo. A autoridade pode
ficar fragilizada nesse processo, pois amigos não decidem, não dão ordens;
apenas sugerem e podem ser ouvidos ou não.
3) Bebem por fuga.
Bebem
para fugirem de crises familiares, onde a interferência deles é praticamente
nula por não poderem fazer nada e nem sequer serem ouvidos. Crises entre os
pais, geralmente, empurram o jovem a se ancorar no grupo de amigos que o levam
a “se divertir” e esquecer a crises em casa, usando a bebida.
Como
essa é, também, uma idade em que autoestima desaba por motivos simples, eles
tendem a fugir, usando o álcool. É uma idade cheia de complexos. A autoestima
da menina desaba porque o menino não olha para ela ou porque ela se sente inferiorizada
olhando para outras amigas e se comparando com elas. Desaba quando o menino não
consegue evoluir nos estudos ou não tem um porte tão atlético como os outros
colegas. Nesses momentos, os pais devem ficar alerta na superação dessas
frustrações, antes que usem bebida, nessa tentativa. As atividades, juntas com
o filho, são importantes para que esse filho saia do “baixo astral”.
Observe,
também, se você, como pai ou mãe, usa mais críticas do que elogios; ou se
costuma sempre comparar seu filho com o irmão ou com outras pessoas. Críticas e
comparações só ajudam a derrubar a autoestima que, nessa idade, já oscila
demasiado.
Situações
de frustração, mesmo aquelas onde o filho percebe que não consegue corresponder
às expectativas dos pais, o levam a aproximar-se cada vez mais do grupo,
distanciar-se dos pais e, portanto, usando a bebida como fuga.
Existe,
nessa fase, um medo grande por parte dos pais em exercerem a autoridade. Muitas
vezes, o distanciamento do filho (a) é tão grande e ficam tão pouco tempo
juntos que esses pais se sentem culpados por dizerem “NÃO” quando precisam,
colocando limites.
Alguns
pais confundem independência desses jovens com maturidade e responsabilidade. O
jovem pode ter autonomia, dirigir seu carro, ter boas notas, mas isso não
significa maturidade, ainda. Observe seu filho.
Alguns
pais, também, imaginam que falar sobre álcool com eles não é necessário, pois
muitos ainda não bebem ou mesmo não se interessam. Além disso, seria colocar
medo nesses filhos sobre estatísticas trágicas e desnecessárias. Este tipo de
“proteção” é inadequado, pois é exatamente o medo e essa realidade que poderá
ajudar seu filho. O adolescente, nessa fase, se sente inatingível, como se nada
de ruim pudesse acontecer com ele; somente com outros. Essa é uma
característica da adolescência e é importante que você traga essa realidade
para seu filho. Ela funciona como um alerta. Você não irá evitar tudo, mas irá
evitar muita coisa ruim e uma delas é a ignorância de seu filho sobre esse
assunto, causada por sua omissão.
Fábio Bessa
05-13890
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