terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

NO CAMINHO DA ESQUIZOFRENIA...


O que é Esquizofrenia?
O termo "esquizofrenia" foi criado em 1911 pelo psiquiatra suíço Eugem Bleuler com o significado de mente dividida. Ao propor esse termo, Bleuler quis ressaltar a dissociação que às vezes o paciente percebia entre si mesmo e a pessoa que ocupa seu corpo. Hoje é o nome universalmente aceito para este transtorno mental psicótico, entretanto, no meio técnico e profissional se admite que o termo pode ser insuficiente para descrever a complexidade dessa condição patológica.  

A Esquizofrenia é uma doença da personalidade total que afeta a zona central do eu e altera toda estrutura vivencial. Culturalmente o esquizofrênico representa o estereotipo do "louco", um indivíduo que produz grande estranheza social devido ao seu desprezo para com a realidade reconhecida. Agindo como alguém que rompeu as amarras da concordância cultural, o esquizofrênico menospreza a razão e perde a liberdade de escapar às suas fantasias.  

Segundo Kaplan, aproximadamente 1% da população é acometida pela doença, geralmente iniciada antes dos 25 anos e sem predileção por qualquer camada sócio-cultural. O diagnóstico se baseia exclusivamente na história psiquiátrica e no exame do estado mental. É extremamente raro o aparecimento de esquizofrenia antes dos 10 ou depois dos 50 anos de idade e parece não haver nenhuma diferença na prevalência entre homens e mulheres.  
Os transtornos esquizofrênicos se caracterizam, em geral, por distorções características do pensamento, da percepção e por inadequação dos afetos. Usualmente o paciente com esquizofrenia mantém clara sua consciência e sua capacidade inteleitual.  
A esquizofrenia traz ao paciente um prejuízo tão severo que é capaz de interferir amplamente na capacidade de atender às exigências da vida e da realidade.  


O que não é Esquizofrenia?   

Há alguns mitos sobre a esquizofrenia bastante enraizados na opinião popular. Boa parte desses mitos se originou na mídia, através de filmes e romances sobre “loucos” e psicóticos que, além da qualidade literária e artística, não guardam, obrigatoriamente, uma coerente relação com a verdade científica.  

A esquizofrenia não é a dupla pessoalidade.   
Apesar do termo esquizofrenia cunhado por Bleuler em 1911 significar mente partida, hoje sabemos que a síndrome de esquizofrenia é muito mais ampla que isso e não tem por que incluir nela os Transtornos de Personalidade Múltipla.



A esquizofrenia não é uma violência sem sentido.   O mito da violência psicótica provavelmente se deve ao grande diretor Alfred Hitchcock e afins, cujo trabalho consiste em dirigir e vender filmes de agrado popular mas não, necessariamente, com bases científicas e reais.   

Também é possível que este mito se deva ao tratamento da esquizofrenia com medicamentos sedativos. Mas, na maioria das vezes, a sonolência é um efeito secundário da medicação antipsicótica mais do que uma imperiosa necessidade de “dopar” o paciente.   

A porcentagem de pacientes psicóticos esquizofrênicos que pode ser violenta é, felizmente, pequena. A agressividade dos psicóticos costuma ocorrer em proporção igual a que acontece com a população em geral. Aliás, podemos dizer, de maneira geral, que quem mais agride é a sociedade ao “louco” do que o contrário; é a sociedade das pessoas normais quem prende, agride, amarra, interna sem consentimento, seda, dopa, exclui e estigmatiza.




A esquizofrenia não acomete pessoas pouco inteligentes.   

A esquizofrenia afeta tanto as pessoas com alto quanto baixo nível inteleitual, atinge igualmente os ricos e pobres, os mais cultos e os mais simplórios. Não é monopólio de quem tem a mente fraca e nem depende da pessoa ser “esclarecida e inteligente”.


Tipos de Esquizofrenia?   

A esquizofrenia paranóide

Este tipo de esquizofrenia é o mais comum e também o que responde melhor ao tratamento. Diz-se, por causa disso, que tem prognóstico melhor. O paciente que sofre esta condição pode pensar que o mundo inteiro o persegue, que as pessoas falam mal dele, têm inveja, ridicularizam-no, pensam mal dele, elas têm intenções de fazer-lhe mal, de prejudicá-lo, de matá-lo, etc. Trata-se dos delírios de perseguição.   
Não é raro que este tipo de paciente tenha também delírios de grandeza, idéias além de suas possibilidades: "Eu sou o melhor cantor do mundo. Nada me supera. Nem Frank Sinatra é melhor". Esses pensamentos podem vir acompanhados de alucinações, aparição de pessoas mortas, diabos, deuses, alienígenas e outros elementos sobrenaturais. Algumas vezes esses pacientes chegam a ter idéias religiosas e/o políticas, proclamando-se salvadores da terra ou da raça humana.   
A esquizofrenia hebefrênica ou desorganizada
Neste grupo se incluem os pacientes que têm problemas de concentração, pouca coerência de pensamento, pobreza do raciocínio, discurso infantil. Às vezes, fazem comentários fora do contexto e se desviam totalmente do tema da conversação. Expressam uma falta de emoção ou emoções pouco apropriadas, rindo-se a gargalhadas em ocasiões solenes, rompendo a chorar por nenhuma razão em particular, etc. 
Neste grupo também é freqüente a aparição de delírios (crenças falsas), por exemplo que o vento move na direção que eles querem, que se comunicam com outras pessoas por telepatia, etc.   
A esquizofrenia catatônica
É o tipo menos freqüente de esquizofrenia. Apresenta como característica transtornos psicomotores, tornando difícil ou impossível ao paciente mover-se. Talvez passe horas sentado na mesma posição. A falta da fala também é freqüente neste grupo, assim como alguma atividade física sem propósito. 
A esquizofrenia residual
Este termo é usado para se referir a uma esquizofrenia que já tem muitos anos e com muitas seqüelas. O prejuízo que existe na personalidade desses pacientes já não depende mais dos surtos agudos. Na esquizofrenia assim cronificada podem predominar sintomas como o isolamento social, o comportamento excêntrico, emoções pouco apropriadas e pensamentos ilógicos.   
A esquizofrenia simples
Também é pouco freqüente. Aparece lentamente, normalmente começa na adolescência com emoções irregulares ou pouco apropriadas, pode ser seguida de um paulatino isolamento social, perda de amigos, poucas relações reais com a família e mudança de caráter, passando de sociável a anti-social e terminando em depressão. Nesta forma da esquizofrenia não se observam muitos surtos agudos. 
Apesar desta classificação, é bom destacar que os pacientes esquizofrênicos nem sempre se encaixam perfeitamente numa de estas categorias. Também existem pacientes que não se podem classificar em nenhum de os grupos mencionados. A estes pacientes se pode dar o diagnóstico de esquizofrenia indiferenciada.


Veja no DSM.IV:   


A Esquizofrenia tem cura?

Até bem pouco tempo se pensava que a esquizofrenia era sempre incurável e que se convertia, obrigatoriamente, numa doença crônica e por vida. Hoje em dia, entretanto, sabemos que este não é necessariamente o caso e uma porcentagem de pessoas que sofrem deste transtorno pode recuperar-se por completo e lavar uma vida normal como qualquer outra pessoa. 

Outras pessoas, com quadros mais graves, apesar de dependerem de medicação, chegam a melhorar até o ponto de poderem desempenhar o trabalho, casar-se e ter família. Embora não se possa falar em cura, tal como se conceitua a cura total na medicina, a reabilitação psicossocial da expressiva maioria desses pacientes tem sido bastante evidente. 
Apesar da esquizofrenia tender à deixar mais seqüelas a cada novo surto, o importante é saber que estas pessoas podem chegar a ter funções na sociedade e podem chegar a ser muito produtivas, mais ou menos sócio-cupacionalmente normais e dentro de suas possibilidades.





A família pode causar a esquizofrenia?

Não, não e não! Esta é a resposta mais simples. Apesar das infinitas investigações, a origem da esquizofrenia ainda não está clara. O que está claro, entretanto, é que não é causada por um trauma infantil, nem por um mau comportamento por parte dos pais. 

Nos anos 60 e 70 muitas investigações se realizaram no campo da terapia familiar, sobre o comportamento de as famílias e transtornos mentais. Encontraram vários patrões de conduta comuns a famílias com problemas de saúde mental, o qual conduz a alguns profissionais a concluir, erroneamente, que a família poderia ser culpada pelos transtornos mentais de seus filhos. Nada mais falso. 
Os sintomas da esquizofrenia resultam de desequilíbrios de substâncias neuroquímicas no cérebro, tias como a dopamina, serotonina, e noradrenalina. As últimas investigações indicam que estes desequilíbrios podem estar presentes no cérebro, inclusive antes do nascimento da pessoa. 
Entretanto, o comportamento da família influi fortemente na reabilitação do individuo com esquizofrenia. Os estudos demonstram que a intervenção da família é de grande importância na prevenção das recaídas.  


A esquizofrenia é herdada?

Em primeiro lugar convém fazer uma distinção entre o que é genético e o que é hereditário: 
1) Se uma doença é genética, isso quer dizer que antes de nascer uma pessoa pode ter um gene ou uma programação que a conduza em direção à doença, mas em forma de probabilidade e não de certeza. 
Cada um de nós carrega genes de diferentes doenças mas não as desenvolvemos obrigatoriamente. Um exemplo claro disso é o câncer de pulmão, identificado em genes de pessoas sadias não fumantes. Uma pessoa que tenha este gene teria uma predisposição genética a desenvolver a doença, mas isso não quer dizer que esta pessoa vá desenvolvê-la obrigatoriamente. De fato, se não fumar, levar uma vida não estressante, enfim, se não cumprir os requisitos necessários ao desenvolvimento da doença não terá câncer de pulmão. 
2) Uma doença hereditária é uma doença genética que se transmitirá, com certeza, de uma geração a outra e, além disso, terá uma porcentagem fixa e calculada de novos casos da doença na geração seguinte. 
Um exemplo de uma doença hereditária é a Coréia de Huntington. Esta doença crônica supõe um degeneração corporal e mental que se passa de uma geração a outra, desenvolvendo-se em 50% dos filhos. Quer dizer que um paciente de Huntingtom que decide ter um filho sabe, de antemão, que a cada dois filhos que nascerem, no mínimo um desenvolverá a enfermidade. 
Até o momento têm sido inconclusivos os estudos que afirmam, indubitavelmente, se a esquizofrenia é genética ou hereditária, embora já se tenha certeza absoluta de que a probabilidade de filhos esquizofrênicos é maior se um dos pais for esquizofrênico e, muito maior, se ambos forem. 
Na população geral a esquizofrenia aparece numa de cada cem pessoas (fator de risco de 1%).
  1. Se tiver um avô com a esquizofrenia o fator risco sobe para 3%
  2. Se um dos pais ou um irmão sofre de esquizofrenia o risco é de 10-20%
  3. Se ambos pais sofrem de esquizofrenia o risco é de 40-50%

Quais são os efeitos secundários da medicação? 

Todos os medicamentos produzem efeitos secundários e a medicação prescrita em casos de esquizofrenia não é uma exceção. A medicação que se prescreve aos pacientes com esquizofrenia se chama antipsicótico(antes chamados neuroléptico). Os efeitos secundários nem sempre são evidentes e são de menor gravidade que os próprios sintomas da esquizofrenia. Muitos pacientes cometem o erro de deixar de tomar a medicação quando aparecem estes efeitos ou quando algum conhecido “alerta” para os perigos de tais medicamentos. 

Na realidade o que tem que ser feito é informar-se com o psiquiatra sobre as dúvidas e sobre o que está sentindo. É muito importante saber diferenciar entre os efeitos secundários da medicação e os próprios sintomas da esquizofrenia.   
Veja alguns efeitos colaterais mais comuns:   
Sonolência
A sonolência é um aumento no sono do paciente. Talvez seja difícil levantar-se da cama de manhã, dorme mais que o normal, tem vontade de dormir durante o dia, etc. Por outro lado não são raros os comentários como "Estou dopado", "Sinto-me como um zumbi", ou outros, também de teor culturalmente pejorativo. 
Efeitos extrapiramidais ou parkinsonismo   
Esses sintomas são assim chamados pela semelhança com os sintomas da Doença de Parkinson. O paciente que manifesta estes efeitos não sofre de Doença de Parkinsom, simplesmente a dose da medicação deve de ser melhor ajustada. Esses efeitos se podem corrigir com medicamentos anti-parkinsonianos, tipo akineton®, artane®. 
Os efeitos parkinsonianos se manifestam na forma de movimentos ou posturas involuntárias: o tremor das mãos, flexões ou fixações dos músculos. Assim sendo, não é raro que o paciente usando antipsicóticos tenha a boca ou os músculos da face numa postura entranha, talvez a boca permaneça aberta ou semi-aberta. Também é possível que a língua se força para um lado, dificultando a fala ou fazendo com que a saliva escorra da boca. 
Efeitos anticolinérgicos   
Esses efeitos secundários se referem a visão borrada, secura da boca, retenção urinária, hipotensão arterial.   
Dificuldades sexuais   
Poucas vezes se encontram citadas como efeitos secundários dessa medicação. Também pode ser provável que os sintomas sexuais se devam a sintomas da depressão que a vezes acompanha a esquizofrenia.  
Acatisia Consiste numa inquietação constante. O paciente é incapaz de sentar-se no mesmo lugar durante muito tempo. Ele se levanta e muda de assento várias vezes em poucos minutos ou se ajusta muitas vezes no sofá. Este é um efeito secundário bastante desconfortável porque os que estão próximos podem pensar erroneamente que o paciente está nervoso. 
A acatisia é um efeito secundário que pode chegar a ser muito molesto para o paciente e tem solução fácil; com pequenas modificações do tratamento. 
Alguns benefícios do tratamento medicamentoso:



  1. Elimina vozes, visões e o falar consigo mesmo
  2. Elimina as crenças entranhas e falsas (delírios).
  3. Diminui a tensão e agitação.
  4. Ajuda a pensar com clareza e a concentrar-se melhor.
  5. Reduz os medos, a confusão e a insônia.
  6. Ajuda a falar de forma coerente.
  7. Ajuda a sentir-se mais feliz, mais expansivo e mais sadio.
  8. Ajuda a se comportar de forma mais apropriada.
  9. Os pensamentos hostis, estanhos ou agressivos desaparecem.
  10. Diminuem muito as recidivas e a necessidade de internação hospitalar
 http://gballone.sites.uol.com.br/voce/esq.html

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