A teoria do bem-estar
Bem-estar é um construto, e felicidade é uma coisa. Uma “coisa real” é
uma entidade diretamente mensurável. Uma tal entidade pode ser “operacionalizada”
— o que significa que é definida por um conjunto muito específico
de medidas. Por exemplo, na meteorologia, a sensação térmica
negativa é definida pela combinação de temperatura e vento diante da qual
a água congela (e ocorre a geladura). A teoria da felicidade autêntica é uma
tentativa de explicar uma coisa real — a felicidade —, definida pela satisfa-
ção com a vida, considerando que as pessoas classificam sua satisfação com
suas vidas a partir de uma escala de 1 a 10. As pessoas que têm o máximo
de emoção positiva, o máximo de engajamento e o máximo de sentido são
as mais felizes e têm o máximo de satisfação com a vida. A teoria do bem-
-estar nega que o tema da psicologia positiva seja uma coisa real; ele é, antes,
um construto — o bem-estar —, que por sua vez tem diversos elementos
mensuráveis, cada um deles uma coisa real e cada um deles contribuindo
para formar o bem-estar, mas nenhum deles o definindo.
Na meteorologia, o “tempo” é um construto. O tempo não é em si
mesmo uma coisa real. Vários elementos — cada um deles operacionalizá-
vel e, portanto, uma coisa real — contribuem para formar o tempo: temperatura,
umidade, velocidade do vento, pressão atmosférica e outros se-
O QUE É BEM-ESTAR?
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melhantes. Imagine que nosso tema não fosse o estudo da psicologia
positiva, mas o estudo da “liberdade”. Como poderíamos estudar a liberdade
cientificamente? Liberdade é um construto, não uma coisa real, e
vários elementos diferentes contribuem para formá-la: o quanto os cidadãos
se sentem livres, com que frequência a imprensa é alvo de censura, a
frequência das eleições, a proporção de representantes em relação à população,
quantos funcionários são corruptos, entre outros fatores. Cada um
desses elementos é uma coisa mensurável, ao contrário da liberdade em si,
mas obtemos uma visão global da quantidade de liberdade existente mensurando
esses elementos.
Em sua estrutura, o bem-estar é exatamente como o “tempo” e a “liberdade”:
nenhuma medida o define exaustivamente (no jargão, “definir
exaustivamente” é “operacionalizar”), mas diversas coisas contribuem para
formá-lo; são os elementos do bem-esta r, e cada um desses elementos é
mensurável. A satisfação com a vida, por sua vez, operacionaliza a felicidade
na teoria da felicidade autêntica, assim como a temperatura e a velocidade
do vento definem a sensação térmica. Uma coisa importante: os elementos
do bem-estar são eles próprios coisas diferentes; não são meras
autoavaliações de pensamentos e sentimentos de emoção positiva, do
quanto se é engajado e de quanto sentido se tem na vida, como na teoria
original da felicidade autêntica. Portanto, o construto do bem-estar, e não
a entidade de satisfação com a vida, é o tema focal da psicologia positiva.
Eis, então, o resumo da teoria do bem-estar: o bem-estar é
um construto; e é o bem--estar, não a felicidade, o tema da psicologia
positiva. O bem-estar possui cinco elementos mensuráveis (PERMA*), importantes:
• Emoção positiva (felicidade e satisfação com a vida são
aspectos dela)
• Engajamento
• Relacionamentos
• Sentido
• Realização
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